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O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, confirmou que a França iniciou nesta sexta-feira (1°/7) o lançamento de 40 toneladas de ajuda humanitária por via aérea na Faixa de Gaza. O método, que vem sendo utilizado nas últimas semanas por vários países para aliviar a crise alimentar no enclave palestino, é criticado por diversas ONGs, que o consideram perigoso à população.
“Haverá quatro voos, cada um transportando 10 toneladas de carga humanitária a partir da Jordânia”, declarou Barrot à emissora de rádio e TV France Info. “É uma ajuda de emergência, mas evidentemente é insuficiente”, acrescentou o ministro, destacando que “na primeira quinzena de julho, ao menos 5 mil crianças com menos de 5 anos foram hospitalizadas para tratamento devido à desnutrição aguda” e 63 morreram em decorrência da fome.
Na útima terça-feira (29/7), o Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês), órgão de monitoramento da fome no mundo, alertou que um cenário desastroso de fome está ocorrendo na Faixa de Gaza. O organismo cobrou medidas urgentes para evitar uma tragédia. As autoridades sanitárias do enclave, controlado pelo grupo islâmico Hamas, afirmam registrar um número crescente de pessoas morrendo por desnutrição. No entanto, o governo israelense nega estar conduzindo uma política que possa constituir um crime de guerra e um crime contra a humanidade.
Método controverso
A Jordânia, os Emirados Árabes Unidos e o Egito foram os primeiros países a realizar lançamentos aéreos de alimentos na Faixa de Gaza, em 2024. Em julho, algumas nações voltaram a recorrer ao método. França e Alemanha entram no rodízio a partir de agora.
As operações, rigorosamente controladas por Israel, são criticadas por organizações humanitárias, que consideram o método caro, impreciso e perigoso. Quando não caem no mar, alguns pacotes podem ferir pessoas e já causaram mortes entre aqueles que tentaram agarrar os carregamentos no solo. Além disso, provocam grandes aglomerações e tumultos. “Mas esses lançamentos são a única solução possível, então há uma certa aceitação do risco”, admite o Ministério das Forças Armadas da França.
Segundo as autoridades francesas, 50 toneladas de suprimentos aguardam a autorização de Israel para entrada na Faixa de Gaza. No início desta semana, o ministro das Relações Exteriores da França afirmou ao canal BFMTV ser “indispensável” que Israel reabra os acessos terrestres ao enclave “para aliviar o sofrimento atroz da população”.
Ação de comunicação
Para Jean-Raphaël Poitou, porta-voz do escritório para o Oriente Médio da ONG francesa Ação Contra a Fome, o envio aéreo de ajuda humanitária não passa de uma “ação de comunicação”. “Vemos esses lançamentos como uma espécie de vitrine para os países que participam”, afirma.
Em entrevista à RFI, Poitou explica que, quando lançados dos aviões, não é possível prever onde os carregamentos irão cair. Além da possibilidade de ferir civis, as caixas de ajuda podem ainda destruir as barracas de pessoas deslocadas ou cair no mar, “obrigando as pessoas a nadar, embora nem todos saibam nadar”.
Mesmo quando a ajuda cai no solo, o porta-voz lembra que prevalece a lei do mais forte. “Geralmente, quem consegue alcançar os carregamentos são as pessoas em melhores condições físicas. Então, ficam excluídas mulheres, idosos, órfãos e pessoas com deficiência”, ressalta.
A constatação é compartilhada pela porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Vanessa Huguenin. “Saudamos todos os esforços que estão sendo feitos com o objetivo de fornecer ajuda às pessoas que precisam. Mas isso é realmente uma medida de último recurso, porque envolve riscos”, diz à RFI.
Para as ONGs, a melhor solução é o envio da ajuda humanitária por via terrestre, por meio de caminhões, que são mais controlados e, portanto, menos arriscados. “Temos caminhões, temos comida e pessoal. O que falta é apenas uma decisão para alcançar um cessar-fogo”, afirma Huguenin.
Morte de civis durante distribuições de ajuda
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos, mais de 1.370 pessoas morreram desde 27 de maio durante distribuições de ajuda humanitária, a maioria por disparos do Exército israelense.
A delegação da ONU no enclave relata que 859 pessoas foram mortas perto das instalações da Fundação Humanitária de Gaza. A organização, administrada por Israel e pelos Estados Unidos, é criticada por operações caóticas, palco de tumultos e tragédias. Outros 514 civis morreram ao longo das rotas de transporte de alimentos no território.
Segundo o escritório da ONU, a maioria das vítimas “parece ser homens jovens e meninos”. “Não são meros números”, enfatizou o escritório, afirmando que não tem informações que indiquem que as vítimas “participaram diretamente das hostilidades ou representaram uma ameaça às forças de segurança israelenses”.
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