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Rewrite this title naturally: Lição de Trump (por Cristovam Buarque)



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Há 60 anos, os presidentes John F. Kennedy e Lyndon B. Johnson orientaram militares brasileiros a destituírem João Goulart. Nossos militares se submeteram e instauraram uma ditadura que durou 21 anos. Ministros do Supremo foram demitidos, o Congresso chegou a ser fechado, a censura implantada, e a tortura praticada. Agora, Donald Trump impõe tarifas para pressionar a suspensão do julgamento de um ex-presidente militar que tentou outro golpe. Felizmente encontra um presidente e ministros do supremo que resistem, instituições sólidas e a população unida em defesa de nossa soberania.

Mas, em 40 anos de democracia ainda não tomamos as medidas necessárias para termos poder de dissuasão diante dos presidentes norte-americanos. O atual continua com a arrogância de nos tratar como nação secundária. Chegamos a 2025 sem aprender a lição de 1964.

Apesar dos mais de 200 milhões de habitantes, continuamos um país de baixa produtividade e alta concentração de renda, não fortalecemos nosso mercado interno ao ponto de absorver parcela da produção que os EUA se recusam a comprar. Dependemos da exportação de produtos que nossa população deseja mas não tem poder de compra para consumir internamente.

Não cuidamos da educação de nosso povo. As crianças que nasceram em 1985 chegaram aos 40, sem termos a população educada para a contemporaneidade, isto impede maior produtividade e melhor distribuição de renda que nos daria maior resiliência e capacidade de resistir a pressões externas. Conseguimos algum grau de diversificação geográfica nos destinos das exportações, mas ainda insuficiente para que os EUA e outros países percebam que suas pressões podem ter efeitos limitados. Nossa economia permanece fortemente baseada em produtos primários, como minérios e commodities agrícolas. Com maior diversidade de produtos e de destino teríamos maior poder de dissuasão para evitar agressões.

O desprezo com que o presidente norte-americano nos trata se deve, em parte, ao fato de não termos Forças Armadas preparadas para defender nossos portos e aeroportos e com poder de dissuasão. Não vai demorar para que alguns defendam a revogação do artigo 21 da Constituição que impede o Brasil ter armas nucleares. O realismo da geopolítica impedindo o belo gesto humanista dos constituintes. Mas de nada adianta armar as Forças Armadas se seus oficiais, em 2025, continuam, como em 1964, sonhando em servir aos Estados Unidos, como demonstra o coronel Bolsonaro.

Não aprendemos com 1964, é hora de aprendermos em 2025, construindo nosso poder de dissuasão para enfrentarmos não apenas os próximos presidentes dos Estados Unidos, mas também os de outros países no futuro. Precisamos de um mercado interno dinâmico, de educação de qualidade para todos, diversificação de produtos e de mercados para exportação, e o desenvolvimento de um sistema de defesa nacional que seja comprometido com a democracia e a soberania.

 

Cristovam Buarque foi senador, governador e ministro 

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