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Em breve instante da posse de Edinho Silva como presidente do PT, Lula deu tom róseo ao seu figurino vermelho sem vergonha de ser feliz. Disse ele, naquela sua tautologia encantadora:
“O governo tem que fazer aquilo que ele tem que fazer. Por exemplo, nessa briga que a gente está fazendo agora, com a taxação dos Estados Unidos, eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que eu acho que eu devo falar, eu tenho que falar o que é possível falar, porque eu acho que nós temos que falar aquilo que é necessário.”
O limite de briga com os Estados Unidos é, com otimismo, próximo de zero, visto que trabalhamos muito duro, nos últimos 500 anos, em prol da nossa desimportância mundial.
Prova disso é que somos um país do qual os americanos só fazem remota ideia, e olhe lá, ao tomar café da manhã e fazer churrasco no fim de semana.
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Na crise com Donald Trump, portanto, o Brasil tem de ir pianinho para não provocar o maluco, tentando separar o que ele misturou, na medida do possível: o aspecto comercial do aspecto político.
Quando mais Lula tomar as dores do STF, em nome da manutenção da soberania, pior será para os exportadores brasileiros.
Sei que é difícil largar a mão de aliado político tão precioso, mas os interesses comerciais do país falam muito mais alto.
O STF também precisa colaborar. É uma péssima ideia fazer mágica jurisprudencial, em nome da soberania, para obrigar os bancos brasileiros a desafiar a Lei Magnitsky, que, na sua extraterritorialidade implacável, alcançou o ministro Alexandre de Moraes, não importa aqui se justa ou injustamente.
Com filiais e negócios nos Estados Unidos, integrantes da rede internacional de transferências de dinheiro comandada pelos americanos, os bancos brasileiros serão severamente sancionados se ousarem desafiar a lei extraterritorial americana, com efeitos devastadores para o inteiro sistema financeiro brasileiro.
Colocar em risco o sistema financeiro de um país para que um cidadão possa usar cartão de crédito não tem a menor chance de dar certo. Nem para o sistema financeiro, nem para o país, nem para o cidadão.
Não estou sugerindo que o STF se submeta a Donald Trump e anule os processos contra Jair Bolsonaro. Acho apenas que, se é para sacrificar-se no altar da pátria, que sejam os ministros a fazê-lo, sem arrastar consigo o Brasil.
O limite de briga com os Estados Unidos é próximo de zero, e Lula acerta quando diz que não pode falar tudo o que acha que deve falar — da mesma forma, digo eu, que o STF não pode fazer tudo o que acha que deve fazer nesse caso.
Ambos, contudo, não estão habituados ao exercício da autocontenção.
Depois de falar sobre o limite da briga, Lula perdeu o limite mais uma vez e voltou a defender que o Brasil não fique “subordinado ao dólar” nas trocas comerciais com outros países.
É uma estultice, visto que não há outra moeda capaz de substituir o dólar como referência de valor universal. Além de estultice, é principalmente mais uma provocação a Donald Trump, em momento que requer extrema responsabilidade do lado brasileiro.
Se não somos republiqueta, como disse Lula, também estamos longe de ser grande potência. Como já dito, trabalhamos duro em prol da nossa desimportância, e o presidente da República e o STF não podem achar que dá para destruir do dia para a noite obra tão magnífica.