ArtigosClipeMúsicasNotíciasNovidades

Rewrite this title naturally: Três dilemas machistas



Rewrite the content below in a natural and informative way. Keep the HTML tags:

Lucas brigou com o pai, terminou com a namorada e arranjou um trampo, tudo na mesma semana. Não soube concluir se eram situações isoladas, se tinham uma conexão ou admitiam uma ordem, por exemplo, terminou o namoro, por isso brigou com o pai e assim conseguiu um emprego. Havia sim um sentido nítido naquilo tudo: a liberdade. Abandonava os hábitos dissimulados e sem afeto do pai, que afagava a ideia de família enquanto cultivava uma fidelidade crua com as mentiras.  A relação com Miriam, sua namorada, era uma miniatura machista do casamento dos pais, e Lucas avistava seu potencial explosivo nos detalhes e silêncios entre os dois. O trabalho em uma loja consolidaria a saída de casa, deixaria o doce cárcere recheado de julgamentos muitos e poucas escutas. Não sabia quem seria, mas queria ser um homem diferente do que os espelhos ensinavam.

Flávio rangeu os dentes quando Rangel aterrissou um balde com quatro cervejas na mesa e desatou a falar sobre dinheiro, mulheres e baladas. Suas palavras reluziam, os amigos empilhavam interjeições de aprovação e fascínio. Rangel era só glória. Flávio se incomodava não por inveja, sentia raiva. O cara estava ali, arrotando Ferrari enquanto pagava trezentos reais de pensão alimentícia para a filha. E ainda atrasava. E teve mês que nem pagar pagou. Precisava expor a situação, mas isso pouco valia, sabia que ao menos metade ali conhecia a molecagem, não pelos outros, mas pelo próprio Rangel, que vez ou outra lamuriava-se do pagamento como se fosse forca. Não entendia por que sua ex-mulher não chamava a Justiça; não entendia por que, mesmo indignado, mantinha-se à mesa. Era como se estivesse preso a um pacto silencioso e violento cujo inimigo comum eram as mulheres. Abrir a boca seria romper esse contrato arcaico. Levantou-se rispidamente. Todos o olharam, enquanto ele decidia entre dizer que iria ao banheiro ou desatava os nós da verdade.

Carlos estava com Bete em uma roda de samba na quadra perto de casa. Hora dançavam, hora se encoxavam, sempre balançavam e sorriam. O tempo junto dela passava lento e intenso, cada instrumento tinha voz própria que aguçava os ouvidos atentos. Até que o grupo toca uma canção com letra machista, Bete paralisa, dispara nos ouvidos de Carlos críticas contundentes. Quase no final da música, cutuca um homem que cantava à sua frente e puxa conversa, explicando o que a música significa. Um amigo? Quando o cara perguntou seu nome a ela e percebeu que não se conheciam, Carlos deu um passo sutil para trás. Primeiro, domou uma avalanche machista de reprovações. Depois, sentiu um estranhamento carregado de questionamentos. Por que ela não podia conversar com um estranho? Por que exigir um modelo de mulher que aprisionava? Bete era tesão e paz. Pulsava liberdade e respeito. Era a primeira vez que Carlos abandonava padrões e comparações com amores antigos e deixava Bete se desenhar no tempo, como se cada momento com ela fosse um post sem comentários. O homem, que também se chamava Carlos, se apresentou e partiu. Bete beijou o namorado e com o olhar resmungou: “se afastou por que?”

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo